
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 11, n. 1, 2016, p. 221-244
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Erico Duarte, Lucas Sudbrack
a adesão à organização, a Suécia está presente no Afeganistão e que, em 2006,
participou de um exercício no Alasca, fazendo grandes manobras com aviões de
guerra. Segundo ela, a Suécia já faz parte da OTAN, falta somente um documento
assinado para registrar o fato (AKULOV, 2013).
Frente a esses movimentos, a reação russa tem sido forte. Em 2010, o então
presidente Medvedev já afirmava que “o Ártico ficará bem sem a presença da
OTAN”. O Ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, também se pronunciou
ao dizer, em 2011, que “Não há absolutamente nenhuma razão para que a OTAN
se intrometa nas disputas sobre os recursos do Ártico”. Em junho de 2013, o então
primeiro-ministro Medvedev voltou a fazer afirmações parecidas ao falar que
“qualquer expansão da OTAN que incluam Suécia e Finlândia seria um desequilíbrio
na balança de poder europeu a ser respondida por Moscou”.
No entanto, a rivalidade entre OTAN e Rússia em torno do Ártico é enfraquecida
porque a relação com os norte-americanos se dá de forma indireta. Pelo fato de
os Estados Unidos estarem conectados à região somente pelo Alasca, distante
dos grandes centros do país, o degelo do Ártico parece não ter despertado grande
interesse de Washington, fazendo surgir diversas críticas sobre o posicionamento
do governo estadunidense. Mesmo assim, em 2009, o governo lançou o documento
NSPD-66/HSPD-25, com políticas específicas para a região. Afirma-se nele que a alta
prioridade dos Estados Unidos está nas questões de segurança, particularmente na
importância de se manter presença militar na região. O documento destaca também
que o país tem interesses de segurança nacional no Ártico, e está preparado para
agir sozinho ou em conjunto com outros Estados para salvaguardar esses interesses,
que incluem assuntos como defesa antimísseis, sistemas de transporte marítimo
estratégico e liberdade de navegação. Outro documento que faz afirmações sobre
a região é o Arctic Road Map (data do documento, já que aqui pode ser entendido
como uma referência), da marinha estadunidense, dizendo que o Ártico não é uma
região desconhecida para eles e que se deve expandir suas capacidades navais
para aumentar a sua presença na região.
Na questão militar interna, apesar de os Estados Unidos terem uma força
de guerra incomparável a qualquer outra no mundo atual, quando se trata de
regiões polares, a situação não é a mesma. A Guarda Costeira americana possui
apenas três navios quebra-gelo, sendo que dois estão no fim de sua vida útil.
Mesmo se houvesse esforços para a produção de mais, seriam necessários de
oito a dez anos para que um novo quebra-gelo entrasse em serviço e, até agora,
não foi deslocado dinheiro para a produção de novos navios desse tipo. Em 2013,