Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 14, n. 1, 2019, p. 127-152
139Elias David Morales Martinez; Thaís Regina Servidoni
conselhos de governo, devemos nos resguardar contra a aquisição de influência
indevida, procurada ou não, pelo complexo militar-industrial” (EISENHOWER,
1961, p.1038, tradução livre)
9
, gera-se certa indagação de qual seria a real influência
desse complexo, e por que ele pode se mostrar como um perigo para a liberdade.
Nas palavras de Eisenhower:
Essa conjunção de um imenso establishment militar e uma grande indústria
de armas é nova na experiência americana. A influência total – econômica,
política, até mesmo espiritual – é sentida em todas as cidades, em todas as
instâncias governamentais do Estado, em todos os escritórios do governo
federal. Reconhecemos a necessidade imperativa desse desenvolvimento.
No entanto, não devemos deixar de compreender suas graves implicações.
Nosso trabalho, recursos e meios de subsistência estão todos envolvidos;
assim é a própria estrutura da nossa sociedade (EISENHOWER,1961, p. 1038,
tradução livre).
10
Ao mesmo tempo em que Eisenhower problematiza as influências do CIM, ele
reconhece a necessidade dos contínuos investimentos no setor, haja vista que, na
conjuntura da Guerra Fria, havia uma tensão em decorrência da disputa ideológica
entre os Estados Unidos e a União Soviética. Na perspectiva de Eisenhower:
No longo caminho da história que ainda está para ser escrita, a América
sabe que esse nosso mundo, cada vez menor, deve evitar tornar-se uma
comunidade de medo e ódio terríveis, e ser uma confederação orgulhosa
de confiança e respeito mútuo. Tal confederação deve ser uma de iguais. Os
mais fracos devem chegar no âmbito da conferência com a mesma confiança
com que nós chegamos, protegidos como pela nossa força moral, econômica
e militar. Esse espaço, embora marcado por muitas frustrações passadas,
não pode ser abandonado pela existência de uma certa agonia no campo de
batalha (EISENHOWER, 1961, p. 1039, tradução livre).
11
9 In the councils of government, we must guard against the acquisition of unwarranted influence, whether sought
or unsought, by the military-industrial complex.
10 This conjunction of an immense military establishment and a large arms industry is new in the American
experience. The total influence — economic, political, even spiritual — is felt in every city, every State house,
every office of the Federal government. We recognize the imperative need for this development. Yet we must
not fail to comprehend its grave implications. Our toil, resources and livelihood are all involved; so is the very
structure of our society.
11 Down the long lane of the history yet to be written America knows that this world of ours, ever growing smaller,
must avoid becoming a community of dreadful fear and hate, and be instead, a proud confederation of mutual
trust and respect. Such a confederation must be one of equals. The weakest must come to the conference table
with the same confidence as do we, protected as we are by our moral, economic, and military strength. That
table, though scarred by many past frustrations, cannot be abandoned for the certain agony of the battlefield.