
Rev. Carta Inter., Belo Horizonte, v. 14, n. 3, 2019, p. 142-167
149Leonardo Diniz Lameiras; Roberto Goulart Menezes
o aperfeiçoamento do programa denominado de Assistência à Adaptação ao
Comércio (Trade Adjustment Assistance — TAA).
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Desde o começo do governo Obama, na esteira dos debates acerca da
conveniência de revalidar a vigência da TAA, à preocupação de diminuir
o desemprego gerado pelo crescente aumento das importações se somou a
necessidade de responder aos desafios que a recessão econômica, iniciada com
a crise financeira de 2008, apresentava ao país. A reação do governo logo se fez
valer com a aprovação do American Recovery and Reinvestment Act
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(ARRA), de
2009, um amplo programa de investimento e assistência social, que prometia criar
milhões de empregos. Novamente, quando os programas da TAA ficaram sob a
ameaça de caducar no final de 2010, um ato normativo superveniente, o chamado
Omnibus Trade Act (2010), estendeu sua eficácia normativa até fevereiro de 2012.
A questão voltou a ocupar a atenção do governo em 2011, quando o prazo
de validade do Omnibus Trade Act se exauria, impondo-lhe nova urgência. Dessa
vez, o elevado custo dos programas influenciou a relutância dos congressistas, na
maioria republicanos, em aprovar uma nova TAA. Convencido de que a medida era
de extrema importância para assistir os prejudicados pela globalização econômica, o
governo Obama cedeu à barganha dos republicanos que condicionaram a aprovação
legislativa da TAA à ratificação dos acordos bilaterais de livre comércio com
Panamá, Colômbia e Coreia do Sul, não obstante a objeção inicial a grande parte
do conteúdo desses tratados por parte do presidente. Sendo assim, o TAA pôde
ser aprovado no segundo semestre daquele ano, com a certeza de que o caminho
para a ratificação dos acordos estaria assegurado, fato que se consumou em 2012,
quando os três tratados da era Bush entraram em vigor (HORNBECK, 2013).
Afora o êxito logrado com a aprovação da TAA, que garantia uma rede de
amparo social a segmentos da classe trabalhadora norte-americana e cumpria
com algumas promessas de campanha e com a reivindicação do próprio Partido
Democrata, a política de comércio exterior foi pouco ousada em termos de propostas
de liberalização comercial. De acordo com Bhandari e Klaphake (2011), ao definir
4 A Trade Adjustment Assistance é parte da política de comércio dos EUA desde sua primeira previsão legal: o
Trade Act (1962), aprovado no governo Kennedy. Mesmo com as atualizações desde então, o programa prevê
ampla rede de assistência aos trabalhadores que perderam o emprego após o encerramento das atividades
produtivas das empresas onde trabalhavam devido à concorrência com mercadorias importadas.
5 O American Recovery and Reinvestment Act de 2009, ou simplesmente Recovery Act, de 2009, consistiu em
um pacote de estímulo econômico, inspirado na perspectiva teórica da macroeconomia keynesiana, no qual
estava prevista a adoção de medidas de modernização da infraestrutura do país, diminuição da carga tributária,
expansão do sistema público de saúde e educação, e proteção aos desempregados.