África do Sul e o seu entorno regional
existe um subimperialismo sul-africano?
DOI:
https://doi.org/10.21530/ci.v14n1.2019.882Resumo
O objetivo deste texto é analisar as relações da África do Sul com seu entorno regional desde
o fim do apartheid, problematizando a noção de que os governos do Congresso Nacional
Africano (ANC) praticam uma política subimperialista. A análise se apoia em documentos
e entrevistas realizadas na África do Sul, Zimbabwe e Zâmbia. Inicialmente, é apresentada
uma visão geral das relações da África do Sul com seus vizinhos, evidenciando a assimetria
que as caracteriza. A seguir, é discutida a tentativa malograda do presidente Thabo Mbeki
de liderar um renascimento africano sob a égide da Nepad, e seus desdobramentos.
A terceira seção enfoca a África Austral, examinando as consequências da expansão mercantil
sul-africana em Zimbábue e Zâmbia. Na sequência, discuto, a partir de entrevistas, se essa
expansão corresponde a uma estratégia determinada dos governos da ANC. Nas reflexões
finais, avanço a hipótese de que, embora constate-se uma assimetria nas relações da África
do Sul com seus vizinhos, as debilidades e contradições do Estado e do próprio capitalismo
sul-africano limitam sua possibilidade de atuação. Como resultado, a expansão regional de
negócios sul-africanos se dá à despeito de qualquer estratégia estatal, o que enseja repensar
a caracterização desse fenômeno como um subimperialismo.
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