Comunidades epistêmicas e de prática em Defesa na Argentina e no Brasil: entre a organicidade e a plasticidade

Autores

  • Samuel Alves Soares Universidade Estadual Paulista - UNESP
  • Marina Gisela Vitelli

DOI:

https://doi.org/10.21530/ci.v11n3.2016.510

Palavras-chave:

Argentina, Brasil, Defesa, comunidades epistêmicas, comunidades de prática

Resumo

Amparado em uma discussão conceitual sobre comunidades epistêmicas e sobre comunidades de prática, é objetivo do texto tratar de analisar a condução política das questões militares e de Defesa na Argentina e no Brasil. Comunidades epistêmicas referem-se grupos de pessoas com conhecimento socialmente legitimado que atuam junto a Estados para produzir políticas, enquanto as comunidades de prática aludem aos saberes e fazeres orientados, em última instância, para a busca de transformações nas estruturas sociais. Apresentados e desenvolvidos os conceitos, voltamo-nos para os casos em tela, discorrendo sobre cada um deles, para então indicar as diferenças de posturas nos dois países. Enquanto na Argentina formou-se uma comunidade epistêmica que influiu sobre os contornos fundamentais da política de defesa no retorno da democracia, no Brasil não surgiu um ator semelhante, ainda que se argumente o surgimento de uma comunidade de prática, uma proto-comunidade epistêmica. Ainda que dissonantes, os dois países vêm produzindo ações e visões compartilhadas que fortalecem mecanismos de cooperação na área.

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Biografia do Autor

Samuel Alves Soares, Universidade Estadual Paulista - UNESP

Pós-doutorado em Relações Internacionais pela Georgetown University, Washington, EUA e no Instituto Gutierrez Mellado, Madrid, Espanha. Doutorado e mestrado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela mesma universidade. Professor Livre-Docente da Universidade Estadual Paulista - UNESP -, professor do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP,UNICAMP, PUC-SP) do qual é coordenador, pela UNESP, e do Programa de Pós-Graduação em História da UNESP e do curso de Relações Internacionais da mesma instituição. Pesquisador do Grupo de Estudos em Defesa e Segurança Internacional (GEDES/UNESP). Coordenador do Grupo de Elaboração de Cenários Prospectivos da UNESP. Foi presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED) no biênio 2010-2012. É membro de várias associações acadêmicas, como a Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED), da Associação Brasileira de Relações internacionais (ABRI), da International Studies Association (ISA), da Latin American Studies Association (LASA), da Brazilian Studies Association (BRASA), da Associación Latinoamericana de Ciência Política (ALACIP). Atua na área de Relações Internacionais, com ênfase em Defesa e Segurança Internacional, Integração Internacional, Conflito, Guerra e Paz e relações civis-militares. É autor de “Forças Armadas e Sistema Político na Democracia” e organizador de “Novas Ameaças: dimensões e perspectivas” e “Forças Armadas, Defesa e Segurança Internacional”. Bolsista de Produtividade 2 pelo CNPq.

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Publicado

2016-12-30

Como Citar

Soares, S. A., & Vitelli, M. G. (2016). Comunidades epistêmicas e de prática em Defesa na Argentina e no Brasil: entre a organicidade e a plasticidade. Carta Internacional, 11(3), 99–123. https://doi.org/10.21530/ci.v11n3.2016.510

Edição

Seção

Artigos